terça-feira, 26 de maio de 2009

Discussão na Escola sobre Educação Inclusiva

Na Reunião Pedagógica, que ocorreu ontem a noite na E. E. E. F. Professora Clotilde Rosa, onde atuo no Segundo Ano, com 24 alunos, no turno da manhã, sendo três considerados de Inclusão (Um aluno de 9 anos com Baixa Visão que recebi nesse ano; um aluno de 15 anos com Deficiência Mental Leve, advindo da Classe Especial, ano passado para o meu 1º Ano e um aluno que teve falta de oxigenação cerebral ao nascer por problemas cardíacos que o acometem, até hoje, aos 7 anos e não estando descartada a necessidade de Transplante, que também era meu aluno no 1º Ano) abriu-se uma série de estudos e discussões entre Equipe Gestora e Professoras sobre as Leis da Inclusão no Brasil e as mudanças que a escola deve promover para tornar-se verdadeiramente um espaço de Inclusão.
Após estudar partes importantes da legislação vigente, entramos em debate e chegamos a importantes conclusões, partindo de nossa realidade inclusiva e dos problemas que temos enfrentado em função de nossa falta de preparo, de conhecimento e de apoio.
Tentarei resumir o que foi dito, argumentado e as ações urgentes que podemos colocar em prática para que possam atender às nossas necessidades, a dos pais e a dos alunos especiais:

"A criança com Deficiência Mental apresenta dificuldade de construir seu conhecimento e de demonstrar sua capacidade cognitiva nas escolas que teimam em manter seu padrão conservador, elitista, homogêneo de currículo, de metodologia e de avaliação. Nossa escola não escapa dessa característica. Eis aí um dos motivos porque a Deficiência Mental mexa tanto com a estrutura escolar vigente, porque não reconhece e não aceita que a produção do conhecimento é uma conquista individualizada e singular em cada ser humano, principalmente, se lhe for proporcionado a convivência com outras crianças, com a diversidade, com a pluralidade escondida ou aparente em cada sujeito.
É gritante em nossa realidade ( a nível municipal) o crescimento do número de alunos rotulados Deficientes Mentais por não apresentarem um bom aproveitamento escolar; por não conseguirem seguir as "normas" e "modelos" da escola.
A culpa e as dificuldades são sempre do aluno. Será que é tão simples assim? Por que não colocarmos na "berlinda" as nossas práticas pedagógicas, nossos currículos lindamente construídos que estão tão longe das necessidades especiais e reais de nossos alunos, de suas visões de mundo, de sua cultura social e familiar? Construímos da mesma maneira o conhecimento de todos os sujeitos? Como mudarmos essa realidade? Como transformar a escola? Como avaliar nosso aluno enquanto sujeito único?
Mudar essa realidade exige pesquisa, estudos, conhecimento, boa vontade, "conflitos", "enfrentamentos", inovação, sensibilidade, movimento, cobranças de políticas públicas concretas e eficientes.
Os professores devem buscar a excelência de sua profissão: "Ser Pensador", "Ser estudioso", "Ser conhecedor", não para manipular e dominar os mais fracos, mas para promover uma eficiente e sólida educação para todos, para poder auxiliar as famílias nessa conquista e nessa busca e para enriquecer sua prática pedagógica, mesmo que cometa alguns tropeços na busca de melhorias, mas estando aberto a novos saberes.
Devemos ter consciência de que há coisas garantidas por lei que são negadas às crianças especiais e à escola enquanto Instituição Educacional, base de uma sociedade econômica, científica, social e politicamente bem estruturada ou nos são oferecidas precariamente, como, por exemplo, o Atendimento Educacional Especializado, que já é realidade dentro de algumas escolas brasileiras.
Outro ponto que colocamos em discussão: É humanamente possível para um professor atender com qualidade o número de alunos que temos em aula, cada um com suas dificuldades, com seus problemas emocionais, com suas carências afetivas e outras necessidades especiais? Será que somos tão poderosos, partindo do princípio que também temos nossas limitações, nossos problemas, nossas situações mal resolvidas? Ou o equilíbrio emocional, afetivo e profisional do professor não faz parte dessa adição? Nós, professores podemos ser excluídos?"
Na próxima Reunião Pedagógica, dia 8 de junho, das 18 às 20h 30 min, assistiremos aos vídeos oferecidos pela interdisciplina "Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais", refletindo sobre eles e alguns textos pertinentes e coerentes com nossa linha de raciocínio e com nossos objetivos transformadores.
Sei que é apenas um começo, mas com certeza dará bons frutos.

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