domingo, 15 de novembro de 2009

Práticas Pedagógicas - Linguagem Educação

*Que práticas pedagógicas podem ser significativas e capazes de levar o aluno a entender e a expressar-se de posse da Língua Materna?
*Como oportunizar a exploração multifacetada (gostei dessa palavra) tanto da linguagem oral, quanto da linguagem escrita no contexto escolar?
As atividades orais e escritas são melhores entendidas na formação do cidadão leitor/autor crítico e dialógico, num contexto democrático e coletivo. A escola, então, deverá ser um espaço que abra horizontes, oportunizando o conhecimento desse mundo, contribuindo para que a criança compreenda e apreenda a realidade de diversos pontos de vista. A Literatura Infantil, por exemplo, é um rico e importante recurso pedagógico, permitindo o envolvimento do aluno, percebendo-se como sujeito capaz de participar, compreender e transformar a sociedade na promoção de um debate coletivo na turma.
Desde o nosso nascimento convivemos com as diferentes formas de linguagem e expressão, por isso é tão importante refletirmos sobre as metodologias que oportunizarão às crianças a reflexão e a compreensão do funcionamento da nossa Língua num ambiente que respeite a sua infância, a sua necessidade de questionar e de aprender brincando, manuseando os diversos tipos de textos que estão disponíveis em nossa sociedade letrada.
A alfabetização é um processo dinâmico de construção social que transcende a fragmentação e a descontextualização, já que a criança participa ativamente das práticas culturais de uso da escrita exigindo a troca de idéias, a emoção e a ação de escrever sobre essas idéias e sentimentos.
A experiência do ler e do escrever em sala de aula deve ser útil, contextualizada, interessante, divertida e interdisciplinar seguindo sua função social e cultural, onde a criança formará conceitos e compreenderá o mundo que a cerca, sentindo-se parte dele, não como um mero expectador, mas como um sujeito importante inserido nesse processo, sendo capaz de refletir e de posicionar-se, estabelecendo relações com outros conceitos.

“a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a “leitura” do mundo” (Paulo Freire, 1991,p.15).

domingo, 8 de novembro de 2009

EJA: alfabetização e linguagem

A organização curricular da EJA não pode apresentar as mesmas propostas oferecidas às crianças do Ensino Regular. Essa infantilização do jovem e do adulto aumentaria sua baixa estima, continuaria com o processo histórico de exclusão e de humilhação de sua dignidade, confirmando sua falta de capacidade cognitiva, reforçando os motivos que os levariam novamente a abandonar a escola.
Ignorar os aspectos psicológicos do adulto, seus hábitos familiares e sociais, sua maneira de ver e de sentir o mundo letrado ou não letrado, menosprezando sua capacidade cognitiva é negar o próprio sujeito e sua evolução humana e intelectual.
O professor que desempenha suas funções com jovens e adultos deve adequar os conteúdos da escola à prática pedagógica que venha de encontro ao perfil social, cultural e às possibilidades e necessidaddes reais dessas pessoas, favorecendo o diálogo entre suas experiências vividas, seus saberes construídos ao longo da vida.
Esse processo de aprendizagem dialógico e cidadão traz uma conotação repleta de significados para esses aprendizes, levando em consideração todas as especificidades, as diversidades culturais e sociais e a multiplicidade de conexões que esses alunos tecerão na coletividade escolar.
Esses homens e mulheres sabem muitas coisas e desconhecem outras. Quanto maior as possibilidades de aprendizagens significativas e contextualizadas que lhe forem oferecidas no cotidiano escolar, dando conta de sua diversidade e de seus anseios comuns, maior será sua integração nesse contexto educacional e intelectual.
"Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (Paulo Freire)
Nas relações tecidas na escola, ampliar-se-ão a comunicação e as interações entre eles, multiplicando a troca de conhecimentos, superando assim, na convivência humana, mediada pelo professor, as dificuldades e limites, porque os sujeitos se modificam; modificando também sua maneira de perceber o mundo que os cerca.
Portanto, os conteúdos necessários para a educação desses jovens e desses adultos são aqueles que possam ajudá-los a construir a sua autonomia na sua vida cotidiana e social, como, por exemplo: pegar um ônibus; conhecer e localizar-se em sua cidade; providenciar documentos; saber portar-se e vestir-se adequadamente para uma entrevista de emprego; saber pesquisar num classificados de jornal; usar o computador, etc.
Resumindo, esses conteúdos iriam preparar esse educando para a melhoria de sua qualidade de vida, desempenhando com autonomia e segurança sua vida social, pessoal, afetiva, profissional, intelectual, política, econômica sentindo-se parte desse coletivo nessa sociedade tão complexa e exigente.
"(...) Nosso próprio pensamento... nasce e forma-se em interação e em luta com o pensamento alheio, o que não pode deixar de refletir nas formas de expressão verbal do nosso pensamento."(Bakhtin, 2000, pg 317)
A fonte da linguagem encontra-se no centro das relações humanas, tornando-se necessário que a metodologia pedagógica da alfabetização da EJA facilitem e oportunizem a leitura e a produção textual sempre relacionada ao cotidiano desses sujeitos que pensam, que sentem, que vivem, que sonham com um mundo melhor.
Lembrando que a linguagem oral deve ser respeitada como parte soberana da identidade antropológica do homem, onde as variedades culturais devem ser respeitadas como um direito legítimo do cidadão de expressar-se oralmente, mas oferecendo na escola o acesso à linguagem formal para que saibam como e onde usá-la.
Sendo assim, as atividades de leitura e de produção textual devem perpassar a problematização cotidiana desse aluno, problematizando seu dia-a-dia, dando-lhe condições de agir com autonomia sobre assuntos como, por exemplo: diferenças entre os gêneros; sexualidade e saúde; importância e dificuldades encontradas no trabalho rural e no urbano; direitos e deveres do cidadão brasileiro; violência e drogas; preconceito e discriminação; poder e corrupção; administração do dinheiro público; democracia e cidadania; etc., ampliando seus conhecimentos sobre a língua, as conquistas e relações humanas possíveis através dela num processo de consciência coletiva de uma comunidade.
É fundamental que o professor da EJA, reflita sobre sua prática, também como um adulto com capacidade cognitiva que encontra-se em processo de formação e atualização, conhecendo as importantes teorias que fortalecerão e embasarão sua ação pedagógica nas relações individuais e coletivas articuladas nesse contexto escolar.
"Mas a gente sempre erra", como dizia Paulo Freire," somos seres inacabados, há sempre novos erros a cometer, novas lições a aprender."

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

TEMAS GERADORES

Refletindo sobre tudo o que li e vi sobre os Temas Geradores ,proposta pedagógica numa perspectiva Freireana, pude questionar-me com muita seriedade e preocupação sobre a minha prática pedagógica na atual conjuntura educacional com que me deparo em meu cotidiano escolar:
*Procuro conhecer a realidade de onde vem meu aluno? Qual sua história de vida, seus desejos e seus saberes?
*Oportunizo, em minha sala de aula, que meu aluno compreenda a sua realidade, seu contexto familiar, e social?
*Minhas propostas são lúdicas, interessantes, desafiadoras, contextualizadas e dialógicas, partindo de nosso coletivo educacional?
*Promovo situações de criação/ recriação, de ação/reflexão oportunizando que meu aluno exercite sua criticidade, podendo fazer uma leitura/releitura da dominação e do controle que muitas vezes tentam nos alienar?
*Minha postura de vida, meu fazer profissional, minha relação com o meu coletivo está em busca da democracia? Defende o amor, o diálogo, a solidariedade, a vida mais digna e justa para toda a coletividade?
Concluo que tenho procurado acertar em minhas ações/reflexões, interagindo com meus alunos através do diálogo verdadeiro e humano, do vínculo afetivo seguro e confiável, acreditando na capacidade das novas gerações de transformar o mundo para melhor
Sei da responsabilidade que tenho nas minhas mãos com relação a um fazer pedagógico, criador e libertador, sendo humilde para reconhecer-me como um eterno aprendiz, estando aberto à contribuição dos meus alunos, dos seus pais, dos meus colegas, etc.
Estou no caminho certo à medida que contribuo para que meu aluno seja o gestor e o co-responsável por sua aprendizagem; que sou coerente com meu discurso e minha ação, envolvendo-me na realização de projetos colaborativos e interdisciplinares, respeitando a cultura, o conhecimento, o ritmo e os anseios de meu educando.
Acredito numa Educação como um processo emancipatório e cidadão, numa dimensão sócio-política-epistemológica.