domingo, 18 de novembro de 2007

DOZE HOMENS E UMA SENTENÇA


O filme, em preto e branco, se passa praticamente numa sala onde doze jurados decidem sobre a sentença de um suposto homicida do próprio pai.

A decisão dos jurados parecia lógica e incontestável:\"O rapaz é culpado pelo assassinato do pai.\", porém tomou um caminho diferente, a partir do momento que o 8º jurado levanta a dúvida da possibilidade do réu ser inocente. Os argumentos e as evidências foram levantadas por ele de maneira brilhante, inteligente e imparcial. O 8º jurado (Henry Fonda) não acreditava na inocência do rapaz, mas demonstrava a preocupação responsável, que tinha como jurado, pela vida humana que estava sendo julgada e poderia ser levada à cadeira elétrica por um erro leviano e onipotente. Ele não se deixou levar por preconceitos, por sentimentos e situações mal resolvidas entre pais e filhos, pelo calor insuportável do dia. Procurou analisar friamente as provas e os testemunhos do caso, enquanto os outros , irados e loucos para dar um fim a tudo para poderem ir para casa estavam pouco se importando com a seriedade e o compromisso de seus papéis ao julgarem e decidirem sobre a vida daquele jovem. É evidente nesse filme, como as pessoas podem ser implacáveis, levianas, apressadas e preconceituosas em suas decisões, sem estudarem e refletirem consciente e responsavelmente sobre o que foi visto e ouvido durante o julgamento. O filme se passa na sala do júri, não mostra o julgamento. Ficamos sabendo sobre o julgamento porque é lembrado durante o diálogo entre os jurados de forma clara, evolutiva e simples.

Chamou-me atenção que, no decorrer do filme, o Sr. Davis (8º jurado) mantem a serenidade, o equilíbrio emocional, usando racionalmente seus argumentos para tentar mostrar aos outros a possível inocência do réu, mesmo que toda a sala se encha de conflitos devido ao pouco caso e a má vontade dos outros jurados em fazê-lo. Tive a nítida impressão que esses conflitos inspiravam-no e, digo mais, encorajavam-no a buscar o convencimento dos outros companheiros. Para isso serviu-se de argumentos inteligentes, precisos, sem sentimentalismos ou moralismos inúteis, sem deixar nenhum jurado perdido em sua retórica.Todos os outros vão construindo a unanimidade de seus vereditos, mesmo contra a vontade. O olhar seguro de Davis é brilhante. Em nenhum momento ele declarou claramente que o réu era inocente, apenas fundamentou seus argumentos, mostrando a incerteza dessa culpa.Como os homens podem ser estúpidos, inconseqüentes e apressados! Como um homem com um argumento magistral e responsável pode fazer toda a diferença! Com seus concretos e precisos argumentos, derrubava de forma real e lógica as evidências que em si mostravam levianamente a culpa do rapaz.

Nenhum comentário: