segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Refletindo Marx e a Educação / meu papel social/ político na Escola


"... não se parte daquilo que os homens dizem, imaginam ou se representam, e também não se parte dos homens narrados, pensados, imaginados, representados, para daí se chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos homens realmente ativos, e com base no seu processo real de vida representa-se também o desenvolvimento dos reflexos e ecos ideológicos deste processo de vida. Também as fantasmagorias no cérebro dos homens são sublimados necessários dos seu processo de vida material, empiricamente constatável e ligado a premissas materiais. A moral, a religião, a metafísica e a restante ideologia, e as formas da consciência que lhes correspondem, não conservam assim por mais tempo a aparência de autonomia... Não é a consciência que determina a vida, é a vida que determina a consciência. No primeiro modo de consideração, parte-se da consciência como indivíduo vivo; no segundo, que corresponde à vida real, parte-se dos próprios indivíduos vivos reais e considera-se a consciência apenas como a sua consciência" (MARX e ENGELS, 1982: 14).
Lembro-me de uma de minhas primeiras postagens no meu primeiro blog criado no PEAD. Era sobre uma atividade da Interdisciplina "Escola, Cultura e Sociedade". Teria que resumir as idéias de Marx. A professora leu minha postagem e redigiu o seguinte comentário: "(...)É isso mesmo. Sei que Marx trouxe um pouco mais de dificuldade. Mas com essa energia toda tenho certeza que, em breve, estarás realizando comentários e críticas desse autor também."(2006)
Por enquanto, não me sinto preparada para criticar as idéias de Marx. Quem sabe, um dia... Precisaria estudá-lo mais. Mas estou certa de poder posicionar-me perante suas idéias sobre Educação e sociedade, enquanto uma profissional de Educação.
Marx e Engels não teceram um texto dedicado, exclusivamente à Educação, mas apresentaram referências significativas ao longo de sua obra. Falar sobre Educação e não refletir a relação do homem com sua realidade, com seu cotidiano, com a vida, é negar sua própria existência. Vou mais além, ser professora e negar minha ação humana e política na luta pela transformação desse cotidiano, é fechar meus olhos para a essência da própria sociedade. É agir dentro desse cotidiano como mero expectador, alienado e covarde.
Vive-se num mundo que passa por muitas transformações, não sabendo-se com certeza para onde vamos e qual a melhor trilha a seguir. Nesse contexto de incertezas e inquietações, o papel do professor precisa ser refletido, questionado, assumindo-se como humano, social, político e cidadão, posicionando-se perante a sociedade, seus conflitos e necessidades. E, quando eu, professora, abro meus olhos para a vida real, enxergo claramente que o ensino, a educação, a escola auxiliam o povo a proteger-se contra a exploração da classe dominante, organizando-se para a construção de um mundo melhor, de uma sociedade realmente democrática e igualitária em que não se aceitará o preconceito em todas as suas manifestações, uma escola pública sem qualidade, doentes dormindo no chão dos corredores de hospitais, durante horas e horas, até serem atendidos, dinheiro públlico roubado, impunemente, pelos políticos corruptos e tudo aquilo que oprime e faz sofrer o povo brasileiro.
Afirmo, sem sombra de dúvida, que ao estudar Marx, Engels e Paulo Freire sinto meu coração bater mais forte. Tenho a consciência do meu papel social dentro da escola. Educo, sem radicalismos, com os pés no chão, pelos direitos da minha gente, do meu aluno. Além de formar a consciência social, de fundamentar valores, de transformar atitudes tenho o dever de formar um homem social, crítico, comprometido com o seu coletivo nessa sociedade tão complexa e plural, em que todo o cotidiano traz um rico momento pedagógico.
O processo de ensino-aprendizagem mantem uma relação muito íntima com o contexto, além dos muros da escola, com a vida lá fora, da qual, eu, professora, faço parte ativa.
"Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impossíveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de sonhar." (Freire, 1988)

Nenhum comentário: