Todo o educador, compromissado com uma sociedade democrática, justa e igualitária, deve promover uma pedagogia desprovida de segregação religiosa, cultural, étnica, ideológica, de gênero, de orientação sexual, de tudo aquilo que mine a solidariedade e o coletivo social, em suma, a democracia.
Devemos em nossa sala de aula abrir espaço para o debate democrático, para a manifestação de todos os pontos de vista e, por que não, dos conflitos saudáveis e enriquecedores, promovendo uma análise crítica sobre o cotidiano onde todos: alunos, pais, professores e funcionários estamos inseridos, para que consigamos incentivar e exercitar às novas gerações a reinventar esse cotidiano, essa realidade.
Presencio uma assustadora falta de investimento na educação pública, bem como uma incompetente gerência desse investimento, quando ele existe.
Exemplifico como pontos cruciais e importantes para uma escola democrática e de qualidade: investimento na formação continuada dos professores; na informatização de todas as escolas, bem como o acesso dos alunos a essas Tecnologias; no abastecimento de suas bibliotecas; na modernização de seu espaço físico que permita o acesso de todos.
Surge dessas angústias, das injustiças cometidas com o nosso povo, em nome da dominação e do bem viver de poucos, a necessidade de cada educandário discutir, refletir e construir o valor do coletivo, da diversidade, da dignidade e da qualidade de vida do povo brasileiro.
Isso é possível no currículo que desenvolvemos em nossas escolas? Esse currículo, incoscientemente, não está colaborando com a segregação e para a exclusão social? Nega a força do coletivo social, perpetuando o controle e a submissão popular?
O currículo é a vida, o norte de todas as escolas e tem o dever social de fomentar a solidariedade em relação aos menos favorecidos. Então, como se poderia usar o Currículo Integrado para ajudar a promover a democratização da escola? Respondendo às necessidades de cada aluno, esculpindo na escola o verdadeiro perfil democrático, de equidade social que esteja permeado de respeito aos direitos humanos, sem discriminação.
Um currículo não pode estar truncado, limitado pois contraria o princípio de liberdade, de criatividade no ensinar e no aprender.
Continuo a questionar: A quem beneficia o currículo que obramos em nossas escolas? Que ideologias defendemos?
Para conjugarmos a verdadeira democracia em nosso Sistema Educacional, faz-se necessário a participação de todos os segmentos da escola na construção de seu PPP, onde o Currículo Integrado permite e viabiliza a autonomia, a responsabilidade, a solidadriedade, a interdisciplinaridade, o multiculturalismo artístico, cultural e educacional, autenticando a identidade dos alunos, de suas famílias, de seus professores, de cada escola, todos em seu contexto organizacional e social. Para que isso aconteça precisamos ser corajosos, ousados, verdadeitos e inovadores. Esse é o grande desafio: Não existe a construção coletiva de um Currículo Integrado sem que todos assumam seu papel dentro desse coletivo, na construção dessa desafiadora proposta.
Miguel Arroyo, em Prática Pedagógica e Currículo - Anais do VII ENDIPE, Florianópolis, 1996, pág.167/168, nos diz: "Primeiro ponto que pretendo destacar é que não elaboramos um projeto de cima para baixo. Partimos da prática pedagógica das escolas, passamos mais de meio ano mapeando as práticas significativas e descobrimos que há, na escola pública, uma prática transgressora, extremamente inovadora; (...) somos tímidos na flexibilização da escola. Não é suficiente pendurar flores nas grades curriculares como estamos fazendo, muitas vezes, com nossas reformas.Não adiantarão novos parâmetros se os currículos continuarem gradeados. A escola que temos é uma escola onde não fazemos o que somos capazes de fazer, onde a iniciativa pedagógica do profissional se sente entre grades."
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