Desde que começamos essa atividade, "Trabalhando com perguntas" tenho me educado a estar atenta e conectada aos questionamentos de meus alunos. Tem sido um exercício muito rico e divertido. Inclusive, eles estão notando essa minha nova postura e eu mesma estou aprendendo muito agindo assim. Li muitas vezes o texto "Fazer perguntas" para compreendê-lo e refletí-lo. Tenho sido mais questionadora, desafiadora, também procurando promover uma aprendizagem mais colaborativa entre eles. Quero contar-lhes sobre um fato que aconteceu no turno da tarde com minha turma de 1º ano da E. M. Cincinato Jardim do vale.Eis aí um capítulo da minha novela:
Hoje, ao retomar nossos estudos sobre as vogais, chamei-as de letras cantoras e ao pronunciá-las, dei ênfase à musicalidade dessas letras. Um aluno questionou-me:
(Rafael) - Prô, porque o "a,e,i,o,u" são "cantoras"?
Devolvi a pergunta:
(Prô Rose) - Por que tu achas que eu chamei-as de cantoras?
(Rafael)- Por que elas tem som, um barulho delas.
Uma outra aluna entra na conversa:
(Morgana)- O “EME” que começa o meu nome é cantor, Prô?
(Prô Rose)- “EME” é o nome dele.
(Vithor)- Qual é o som dele, então, Prô?
(Prô Rose)- Quem sabe vocês, colegas, possam ajudar o Vithor a achar o som do “EME”?
(Vitória)- "MMMMMMM" (Parou, pensou). É, Prô, ele é um pouco mudinho quando está sozinho. Tenta falar, tenta e não sai nada.
(Prô Rose?)- Como é que podemos ajudá-lo a falar?
(Erick)- Põe uma letra cantora do lado dele.
Fizemos o que o colega disse. Eles adoraram. Ficavam trocando a vogal do "EME" e lendo a sílaba formada.
Assim, oportunizei meus alunos a pensarem, sendo rápidos e precisos e eu disse tão pouco, e consegui questioná-los durante todo o tempo, fazendo com que nosso diálogo fosse consistente, inteligente, colaborativo e muito significativo para eles.
Esse exercício, tanto para mim quanto para eles, foi uma poderosa forma socializadora de solucionar nossos problemas, de dar-nos mais segurança no processo formador de meus alunos e de minha prática mais questionadora.
Podemos, colegas, mantermo-nos, como as crianças, curiosos e abertos ao novo, à criação. É um gostoso exercício.
“Estimular a pergunta, a reflexão crítica sobre a própria pergunta, o que se pretende com essa ou com aquela pergunta em lugar da passividade em face das explicações discursivas do professor, espécies de respostas a perguntas que não foram feitas. Isso não significa realmente que devamos reduzir a atividade docente em nome da defesa da curiosidade necessária, a puro vai-e-vem de perguntas e respostas, que burocraticamente se esterilizam. A dialogicidade não nega a validade de momentos explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apassivada, enquanto fala e enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos." (Paulo Freire, p.86-Pedagogia da Autonomia)
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