domingo, 9 de maio de 2010

Continuando a falar sobre meus referenciais teóricos

Os estudos realizados por Emilia Ferrero e Ana Teberosky com relação à alfabetização das crianças, sob um paradigma psicogenético construído por elas, tem contribuído, fundamentalmente, com meu trabalho enquanto alfabetizadora.
Segundo as autoras, baseadas na Epistemologia Genética de Jean Piaget e na Teoria Sócio - Interacionista de Levi Vygotski e Henri Wallon, o conhecimento não está no sujeito e no objeto. Ele acontece pela interação da criança com o objeto (Interacionismo).
O Construtivismo não é um método de ensino, mas um estudo científico que procura explicar os fenômenos, não a aplicação prática. É uma Teoria Psicológica de Aprendizagem que preocupa-se com a compreensão de como o sujeito aprende e não como eu, enquanto professora, vou ensiná-lo.
A partir dos estudos de Emilia Ferrero e Ana Teberosky, a linguagem escrita deixa de ser apenas a apropriação de um código (codificação, decodificação) de palavras, sílabas e letras, passando a ser entendida como sistema de representação, evidenciando o caminho percorrido pelas crianças no aprendizado da língua, definindo-o como psicogênese, isto é origem, geração do conhecimento da escrita.
Portanto, estudando essa teoria, cabe a mim, professora alfabetizadora, transformá-la em atividades pedagógicas para que meus alunos construam o conhecimento da leitura e da escrita.
São os pressupostos dessa teoria:
*A aprendizagem da escrita alfabética não é um mero processo de associação entre letras e sons;
*O sistema de escrita alfabética não é um código que se memoriza, que se fixa, mas é um objeto do conhecimento que foi socialmente construído.
*A alfabetização é um processo de construção conceitual contínuo, iniciado muito antes da criança ir para a escola, desenvolvendo-se dentro e fora da sala de aula.



"[...] Alterou profundamente a concepção do processo de construção da representação da língua escrita, pela criança, que deixa de ser considerada como dependente de estímulos externos para aprender o sistema de escrita, concepção presente nos métodos de alfabetização até então em uso, hoje designados tradicionais, e passa a sujeito ativo capaz de progressivamente (re)construir esse sistema de representação, interagindo com a língua escrita em seus usos e práticas sociais, isto é, interagindo com material para ler, não com material artificialmente produzido para aprender a ler; os chamados para a aprendizagem prérequisitos da escrita, que caracterizariam a criança pronta ou madura para ser alfabetizada - pressuposto dos métodos tradicionais de alfabetização - são negados por uma visão interacionista, que rejeita uma ordem hierárquica de habilidades, afirmando que a aprendizagem se dá por uma progressiva construção do conhecimento, na relação da criança com o objeto língua escrita; as dificuldades da criança, no processo de construção do sistema de representação que é a língua escrita – consideradas deficiências ou disfunções, na perspectiva dos métodos tradicionais - passam a ser vistas como erros construtivos, resultado de constantes reestruturações." (Magda Soares)

Para as autoras, as crianças passam por diferentes hipóteses até apropriar-se da língua escrita. Baseados em conhecimentos prévios, essas hipóteses dependem das interações delas com as outras crianças e com os materiais escritos que circulam socialmente.

São esses os níveis pelos quais a criança passa até apropriar-se do sistema alfabético:

Pré-Silábico: A criança representa seu pensamento através de desenhos, onde o escrever para elas é o mesmo que o desenhar. Pode também representar seu pensamento através de garatujas ou rabiscos, não reconhecendo as letras do alfabeto e seu som. Ainda, nessa fase, pode conhecer algumas letras do alfabeto, mas as usa casualmente. Pensam "Para escrever precisa muitas letras". Relaciona que o nome das coisas estão proporcionalmente ligadas ao seu tamanho.

Silábico/ Silábico-Alfabético: Supõe que a escrita representa a fala, iniciando-se o processo de fonetização. Cada sílaba é representada por uma letra com ou sem sonoridade. Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra. Escrita silábica sem valor sonoro. Escrita silábica com valor sonoro: TOMATE= TMT/ OAE; CAVALO= CVL/ AVO. Na escrita Silábica-Alfabética a criança pode escrever algumas vezes sílabas completas e outras incompletas, isto é, alterna a escrita silábica com a escrita alfabética: TOMATE= TMAT; CAVALO=CVALU; O MENINO ESTUDA DE DIA.=OMINIUISTUADIA

Alfabética: A criança faz a correspondência entre letras e sons, compreendendo que as letras e sons se articulam para dar forma as palavras. Escreve como fala, isto é, vê a escrita como cópia de sua fala, não percebendo, ainda a questão ortográfica: CÃO=CAUM; O CAVALO COMEU MUITO.= OKAVALUCOMEMUINTU




http://www.smec.salvador.ba.gov.br/documentos/espaco-virtual/tecendo-trama/TEXTO%202.2.%20%20REFERENCIAL%20TE%C3%93RICO%20DO%20CEB%20-%20%20EM%C3%8DLIA.pdf

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Olá Roselaine!

A partir dessa semana, modificamos a legenda da planilha de acompanhamento para que vocês já fiquem cientes se devem ou não refazer a postagem, já que é necessário que façam reflexões a partir da prática trazendo argumentos ou linkando teoria com prática.

Aqui descreves uma situação em sala de aula e traz argumentos que embasam a aprendizagem. É exatamente este o propósito do portfólio e, portanto, não precisas refazer a postagem!

Abraços

A legenda agora será RC (R= refazer e C= comentário do tutor) ou PC (P = postagem ok e C= comentário do tutor).