domingo, 27 de setembro de 2009

Currículo Integrado

A verdadeira utilidade social do currículo integrado está em oportunizar aos educandos a compreensão da sociedade em que estão inseridos, desenvolvendo aptidões técnicas, científicas, intelectuais e sociais, que os permita viver nessa sociedade de forma autônoma, participativa, crítica, política e solidária. Essa mesma sociedade deve ser ouvida sobre a escola que deseja para seus filhos e para suas filhas.
Deve-se, em nossa prática pedagógica, respeitar os conhecimentos que o aluno traz de seu seio familiar e social, os seus interesses, ritmos e aptidões, promovendo sua participação e poder de decisão nas discussões e nos debates escolares, bem como na construção e reconstrução das regras disciplinares, "vinculando a sala de aula e a realidade social." (Arroyo-1994)
Permanecemos distantes da pedagogia da ação/reflexão/intervenção, onde o Currículo por Atividades passaria a ter significado concreto, coletivamente democrático e transformador.
Segundo Santomé (1998), o currículo integrado permite:
- trabalhar conteúdos culturais relevantes;
- abordar conteúdos que são objetos de atenção em várias áreas de conhecimento;
- levar a pensar interdisciplinarmente, criando hábitos intelectuais de levar em consideração diferentes possibilidades e pontos de vista;
- favorecer a visibilidade dos valores, ideologias e interesses presentes em todas as questões sociais e culturais, o que a organização do currículo por disciplinas dificulta perceber;
- favorecer o trabalho colegiado nas escolas, resgatando a idéia de "corpo docente";
- preparar para a mobilidade profissional futura;
- aumentar a probabilidade de surgimento de novas carreiras e especialidades;
-interdisciplinaridades - que permitam enfrentar novos problemas e desafios;
-estimular a análise de problemas concretos e reais e o conseqüente surgimento de pessoas criativas e inovadoras.
Sentimos a urgente necessidade de uma educação realmente comprometida com os valores democráticos, com a solidadriedade, com a crítica e a participação se quisermos, verdadeiramente, formarmos cidadãos e cidadãs capazes de enfrentar, ou melhor dizendo, capazes de acabar com a discriminação e com a exclusão social que tanto dividem e maltratam nossa nação.

sábado, 19 de setembro de 2009

Perfil do Professor da EJA

A EJA dá oportunidade aos jovens e aos adultos que não tiveram a oportunidade, por diversos motivos, de alfabetizarem-se ou de terminarem a Educação Básica no tempo adequado, mas possuindo sua cultura própria, seu próprio modo de enfrentar o cotidiano.
Os professores, que muitas vezes são lotados nessa modalidade de ensino, estão ali para fechar carga horária ou para completarem seu orçamento salarial, não apresentando um perfil adequado para a EJA.
Não é qualquer profissional que possui esse perfil, exigindo uma metodologia diferenciada de outras modalidades de ensino, bem como uma relação especial entre professor/aluno. Esse profissional deve ter consciência de que não é só erradicar o analfabetismo e nem somente oferecer um certificado de conclusão. Vai além disso. É preparar e formar o cidadão para o mercado de trabalho, para viver em sociedade com qualidade de vida.
Esse profissional da EJA deve estar preparado para lidar com as diferenças de comportamentos e necessidades do jovem e do adulto, pois uma prática de ensino pode ser eficiente para o adulto, mas ineficiente para o jovem e vice e versa, podendo ser uma das grandes causas do alto índice de evasão nessa modalidade de ensino, dentre outras.Deve explorar as relações sociais, as diversas culturas desses alunos.
"Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diálogo. Nesta perspectiva, portanto, os alfabetizadores assumem desde o começo da ação, o papel de sujeitos criadores. Aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem." (Paulo Freire)
A EJA é um espaço educacional muito importante para a inclusão desse jovem e desse adulto fruto das injustiças sociais e do descaso político e social.
Concluindo, a característica do Professor de EJA é, principalmente, ver essa modalidade de ensino como capaz de transformar significativamente a vida dessas pessoas, oportunizando-lhes reescrever sua história de vida. Precisa conhecer e compreender, sem arbitrariedades e preconceitos, seus alunos e suas realidades e dificuldades diárias, acreditando em suas potencialidades humanas, na busca de sua evolução pessoal, profissional e social, promovendo um ambiente prazeroso, crítico, dinâmico e participativo, repleto de interações entre aluno/aluno e entre professor/aluno.
Esse profissional da Educação capaz de identificar o potencial de cada pupilo, descartando de sua prática pedagógica métodos de ensino infantilizados e vazios, privilegiando a exposição de suas idéias, pontos de vista, sonhos, garantindo o processo de democratização e cidadania de educação para a EJA.
Para encerrar essa postagem, quero frisar a importância de uma formação competente e contínua desse professor, permeada dessa visão contemporânea e democrática quando se debate sobre a Educação de Jovens e Adultos Brasileiros.
“Alunos ou jovens evadidos ou excluídos da escola, antes do que portadores de trajetórias escolares truncadas, eles e elas carregam trajetórias perversas de exclusão social, vivenciam trajetórias de negação dos direitos mais básicos à vida, ao afeto, à alimentação, à moradia, ao trabalho e á sobrevivência. Negação até o direito de ser jovem. As trajetórias truncadas se tornam mais perversas porque se misturam com essas trajetórias humanas.
Se reforçam mutuamente. A EJA como política pública adquire uma nova configuração quando equacionada na abrangência das políticas públicas que vêm sendo exigidas por essa juventude.” (Arroyo, 2005, apud Soares,Giovanetti e Gomes, 2005,p. 24)
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O olhar docente para os alunos da EJA


Os alunos da EJA originam-se de classes sociais menos favorecidas; na sua grande maioria trabalhadores; alguns desempregados; outros tantos sem a formação profissional que o mercado exige.

O professor, por sua vez, não conhece as modalidades educacionais vigentes na legislação brasileira, causando-lhe muitas dificuldades em adaptar-se à realidade que lhe é apresentada na prática docente e de integrá-la ao que foi estudado na universidade.

Falar sobre um educador da EJA é descrevê-lo como um profissional da educação que deve ultrapassar a idéia "Professor ensina e aluno aprende." Deve, como todo o professor, seja de alfabetização de crianças, seja da educação de pessoas com Necessidades Especiais, seja da Educação Infantil, ter interesse, dedicação, tempo para refletir e planejar. Principalmente, um educador que conheça a realidade e necesidades de seus alunos, porque sua função não é, simplesmente, ensinar conteúdos, mas oportunizar a criação, o pensamento, a criticidade, a autonomia, a cidadania de seus alunos e, certamente, o domínio dos conteúdos necessários para a sua formação.

Não existe uma receita perfeita para a construção do conhecimento, mas é necessário tentar, ousar, experimentar, porque os resultados falarão por si só. É importante que o educador da EJA esteja aberto aos seus pupilos, às suas histórias e vivências, aos seus pontos de vista, considerando-os o centro da educação.

Apesar de calejados, sofridos, temerosos, tímidos e excluídos merecem nosso respeito humano, nosso olhar carinhoso, inclusivo e a nossa reflexão:


*Que razões positivas os motivam a retornarem para a escola?

*Será que , inconscientemente, querem romper com a exclusão?

*Estariam desejando superar seus limites e vislumbrar um horizonte melhor? O Sol nasce para todos, não é verdade?


Referência:



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A contemporaneidade das idéias de Comênio








A didática é fundamental em nossa busca de práticas pedagógicas competentes e qualificadas que abrilhantarão nosso cotidiano docente, exigindo-nos: responsabilidade, sensibilidade, pesquisa, conhecimento da realidade de nosso aluno, respeito à sua infância e o desejo de mudar, de transformar a escola.

Falo de uma prática pedagógica consciente, transformadora, atualizada, significativa, questionadora, em permanente auto-avaliação.

Ao estudar sobre Comênio, no clássico DIDÁTICA MAGNA, deparo-me com sua contemporaneidade descortinada há mais ou menos 350 anos atrás, definindo a didática como "A ARTE DE ENSINAR", enfatizando a importância da fundamentação, da verdade e da escolha de uma trilha que atinja a todos:


"(...) ousamos prometer uma Didática Magna, isto é, um método universal de ensinar tudo a todos." (Comênio, 1957,p.45)


Essa expressão "metodo universal" nos fala de uma prática pedagógica que possibilite a construção do conhecimento para a diferença, para o aluno com necessidade especial, promovendo, consequentemente sua integração no cotidiano escolar? Esse "método universal" está vinculado ao multiculturalismo e à interdisciplinaridade?

São questões que me surgiram durante o estudo desse enfoque.