terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um eterno processo de aprendizagem

A Epistemologia Genética de Jean Piaget, que estuda a gênese das estruturas cognitivas do indivíduo nos diz: “Toda as construções do sujeito servem de base às outras aprendizagens.” Está estruturada em estágios do desenvolvimento cognitivo que obedecem a uma ordem sucessiva constante, de idades variáveis.
Segundo Becker, o desenvolvimento cognitivo dá-se, também, na relação do sujeito com seu meio, mas é individual, não podendo ser confundido com nenhum outro.
Serão suas características cognitivas que demonstrarão em que estágio de desenvolvimento se encontra e sua relação com o objeto do conhecimento, sua maneira de pensar refletida no jeito que lida com os problemas da realidade interna ou externa.
Partindo desses saberes, considero-me um adulto em contínuo processo de aprendizagem não só como aluna do PEAD, mas em todas as minhas relações pedagógicas, sociais e afetivas que edifico com meus alunos, com seus pais, com meus colegas de trabalho e de faculdade, com as equipes gestoras das escolas onde trabalho, em casa como mulher, esposa e mãe de uma menina de nove anos. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, essas aprendizagens e transformações não são das mais fáceis. Por quê? Porque muitas vezes essas relações envolvem questões minhas: ideologias, crenças, opiniões, limitações, experiências mal resolvidas, que me impedem, muitas vezes, de aceitar, diferenciar, coordenar, compreender, alcançar o raciocínio, as necessidades, as idéias dos meus alunos, de seus pais, dos colegas, dos meus professores e tutores do PEAD.
É um exercício enriquecedor e produtivo que eu, um sujeito, dizendo-me adulto, colocar-me no lugar do outro, decodificando suas idéias, suas entrelinhas, aceitando seu ritmo, suas crenças, suas idéias, dúvidas, limitações, necessidades e capacidades. Para chegar nesse patamar de madureza, preciso antes de tudo aprender a ouvir o outro, ter sensibilidade para percebê-lo, acolhê-lo, aceitá-lo, respeitá-lo. É um processo muitas vezes sofrido, porque toda a metamorfose é dolorida, exigindo-nos que deixemos cair por terra saberes enraizados, ultrapassados, ineficazes, propostas que aos outros não são interessantes. Por outro lado, em toda a transformação temos a oportunidade de evoluirmos, de nos superarmos.
No PEAD, por exemplo, ao mesmo tempo em que me dou conta do quanto sou limitada em certas aprendizagens, do quanto preciso ouvir e interpretar meus professores e tutores, compreender os conteúdos colocando-os em minha prática pedagógica e vice-versa, conscientizo-me das coisas boas e produtivas que realizo com meus alunos, com a ajuda de seus pais, dos colegas, da equipe gestora, colaborativamente. Nesses momentos de construção das minhas aprendizagens e das aprendizagens do outro, nesses momentos de conquistas e trocas, vejo que fui receptiva, coloquei-me no lugar dele, acompanhando seu raciocínio, aceitando suas verdades e diferenças.

"[...] a experiência de certeza é um fenômeno individual cego em relação ao ato cognitivo do outro, numa solidão que só é transcendida no mundo que criamos junto com ele" (MATURANA; VARELA, 2002, p. 22).



Um comentário:

Tutora Daisy disse...

Roselaine,
guarda esse texto com carinho e, nas férias ou naquele momento de inspiração que nos aparece de vez em quando..., revisa e envia para a Revista Pátio como relato de experiência. Não perde, que está bem legal.

Encaminho o link: http://www.revistapatio.com.br/colabore.aspx

É melhor enviar pelo correio para eles.

Abraço